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Artigos-->TRÊS POEMAS NÃO PUBLICADOS NA ANTOLOGIA DE 2007 -- 26/04/2024 - 10:02 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

TRÊS POEMAS NÃO PUBLICADOS

NA ANTOLOGIA DE 2007

 

L. C. Vinholes

25.04.2024

 

Há dezessete anos, quando dei por terminado o trabalho de compilação da antologia Retrato de Corpo Inteiro, com tudo que havia escrito em poesia desde o Donzela, se as desventuras, de 25 de março de 1948, até Outono, de 18 de abril de 2007, senti uma insuportável frustação por nela não ver incluídos três outros trabalhos.

 

O poema das linhas cartesianas

 

O primeiro dos três, escrito em versos convencionais, falava das linhas cartesianas dos prédios de Brasília, sacrificados pelos paineis da correria imobiliária que assolava a arquitetura que se erguia. Era dedicado a Ernesto Silva (1914-2010), médico, militar, pioneiro que cedo, antes mesmo de Juscelino Kubitschek, chegou às terras do Cerrado onde seria construída Brasília. Diretor da NOVACAP, um dos mais insignes pioneiros da Nova Capital, era conhecido como O Pioneiro do Antes ou O Adão de Brasília. Nosso encontro em Tokyo selou nossa amizade, sempre renovada nos encontros periódicos e nas visitas ao Catetinho, primeira residência oficial no Planalto Central, onde, em sua homenagem, reconstruíram seu quarto com seus objetos pessoais, uma das atrações do local. Em certa ocasião, no encontro que tivemos no escritório que mantinha na Aliança Francesa de Brasília, disse “acredito que o cartão com teu poema foi extraviado na minha última mudança de residência”. 

 

O poema-escultura romaamor

 

O segundo trabalho a não figurar da antologia, foi o poema-escultura romaamor, de 15 de abril de 1952, usando a palavra a roma e sua inversão amor, graficamente dispostas nas oito formas exibidas a seguir:

 

1) “a” e “b”

 

 a m o r                                 a m o r

    a m o                             m o r

       a m                             o  r

          a                               r

          m a                        r o

          o m a                 r o m

          r  o m a          r o m a

 

2) “c” e “d”

 

          r  o m a          r o m a

          o m a                 r o m

          m a                        r o

          a                               r

       a m                             o  r

   a m o                             m o r

a m o r                                 a m o r

3) “e” e “f”

 

r                                                              r

o r                                                       r  o

m o r                                                r o m

a m o r o m a                     a m o r o m a

             r o m                     m o r

                r  o                     o  r

                   r                       r

 

 

4) “g”  “h”

                     a                    a

                  a m                   m a

              a m o                    o m a

r  o m a m o r                     r o m a m o r

o m a                                               a m o

m a                                                     a m

a                                                             a

 

 

Cada uma das letras que formam oito combinações gráficas, mediante apropriados pinos giratórios, é fixada nas faces de um volume octogonal. Os pinos, atravessando as paredes do referido volume, tinham, nas suas extremidades internas, um pêndulo que mantinha as letras sempre na mesma posição, mesmo quando o volume fosse movimentado, apoiando-se em uma das suas oito faces. Com essa movimentação do volume, mudavam as formas de apresentação das figuras do poema. Exemplificando: virando o volume em 180 graus, a forma de figura 1“a” tomaria a forma da figura 2”c”, a 1”b” a da 2”d”, a 3”e” a da figura e 6”f”, etc.

 

O referido volume octogonal foi construído pelo artista plástico Masuhiro Kubota, renomado artesão em madeira e membro da Associação Internacional de Artes Plásticas e Audiovisuais (ISPAA) com sede em Toyonaka, Japão. O poema-escultura romaamor foi exibido na segunda exposição do grupo, em junho de 1964, na Galeria Shimanouchi, em Osaka, Japão.

 

 

 

O volume branco à esquerda: Poema-escultura romaamor

na exposição de junho de 1964.

Poema com canudos

 

O poema com canudos – como os canudos de formaturas -, para ser usado como um quadro sobre a parede, foi concebido no final de 1966 utilizando cinco canudos de papelão, preferivelmente monocromático, com cerca de 6 cm de diâmetro por 50 cm de comprimentos, afixados em uma moldura de madeira mediante pinos de metal colocados no centro do diâmetro de suas extremidades, de maneira a permitir que possam girar em torno dos seus eixos quando impulsionados pela mão de alguém.

 

Na superfície dos cilindros foram aleatoriamente coladas palavras, coloridas ou não coloridas, tiradas de recortes de jornais com notícias em voga na época, quase todas em textos com críticas ou comentários sobre determinadas situações. Quando as pessoas visitantes da exposição giravam os cilindros eles exibiam cinquenta por cento dos recortes utilizados numa determinada combinação, oferecendo um texto permitindo uma leitura única de cada vez, certamente levando a interpretações diferentes por parte dos seus espectadores-produtores.

 

Para o poema com canudos a interação com o público é indispensável para o surgimento da “obra” resultante, sempre única, nunca repetida.

 

Vale a pena registrar que alguns visitantes à mostra tiravam fotos do que resultava de suas intervenções no poema com canudos, fotos que, segundo foi dito, seriam emolduradas.

 

O poema com canudos foi exibido na Galeria Cristal, de Tokyo, de 23 a 28 de maio de 1967, junto com obras dos poetas Yukinobu Kagiya, Hiro Kamimua, Yasuo Fijitomi,Toshihiko Shimizu, Sukuro Mukai e o autor desse texto, membros da Associação para o Estudo das Artes (ASA), criada em setembro de 1965 e dirigida pelo poeta Seiichi Niikuni (1925-1977).

 

 

 

 

 

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